quinta-feira, 26 de junho de 2008

Não é sangue de menstruação.

Eu vou engolindo tantas coisas, engulo naturalmente como quem engole saliva, mas de uns dias para cá me veio a necessidade de engolir a perfeição, entrou disforme, talvez amorfa, quiçá inexistente. E teve um gosto ácido, corrosivo de corrosiva, e o sentido cada vez mais distante, viajando no meu sangue, e se distanciando do meu coração, mas ele volta. Ele volta porque "o sentido dele está em ti, Maria". Eu ouvi, ouvi com ouvidos de coração, que Vinícius nos falava da solidão, ouvi e guardei numa caixinha, pra misturar com o sangue depois, para ver se de alguma forma aquilo não me deixasse nunca, se entranhasse em mim, nem que abrisse milhares de feridas, mas que entrasse, inflamasse, produzisse pus, e doesse, mas doesse muito, de modo que eu me sentisse viva, e que soubesse que isso é pele, é sangue, é suor, e não só árvore e carvão. Então foi noite logo, e já era dia, e foi noite mais uma vez, e outra mais, e mais, e mais, nada sangrou, nem doeu, somente esta despersonalização sem fim, monstruosa, enorme, que já não me deixa sentir nada, e nada sangra, nem se renova, nem inflama. Logo agora, que eu me sinto capaz de lamber minhas feridas.

3 comentários:

disse...

Eita orgulho de tu!

Lua_Adversa disse...

PUTA QUE LOS PARIO!!!!! NUM TO DIZENDO. É FOOOOOOOOOOOOOOODA!!!!!!
VOU ESTUDAR TUA CABEÇA CARAI!
MUITO BOMM!!!

Unknown disse...

Sou tua fã, Bárbara!
kkkkkk...
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